Essa é a casa de muitos por 14 dias.
Embarcar... não sabia o significado disso até pisar numa unidade marítima
(Navio PLSV) pela primeira vez... é um mundo completamente novo, que não para
nunca, 24 horas 7 dias da semana. Um espaço pequeno onde convivem 100, 150
pessoas, dos mais variados tipos, tamanhos, cores, crenças, línguas e
profissões.
Nos 2 primeiros dias, eu quis me jogar no mar e voltar nadando, pois
é um ambiente estressante, confuso para os novatos, muita coisa para aprender, intrigas,
mas todos acham que você é um expert, sem contar o mal estar (vômitos, náuseas,
dor na barriga entre outras coisas mais) que nesses navios são constantes,
decorrente de seu balanço.
No entanto, passaram-se 14 dias e voltei para casa. Que sensação
maravilhosa. O nosso humor muda, a gente fica mais leve. A expectativa de
entrar em casa novamente é enorme e poder beijar sua esposa, seu filho é algo
impagável. Dinheiro nenhum do mundo vale esse momento. Infelizmente, esse
momento se repete 1 vez por mês, pois 14 dias depois, temos que voltar para o
trabalho, pois acabou o descanso.
Para podermos embarcar, temos que fazer um curso chamado HUET (Helicóptero
Underwater Escape Training - Treinamento de Escape de Helicóptero Submerso),
onde nos são mostrados vídeos, o que nos deixa bastantes felizes" e com
mais vontade de embarcar.
Algumas viagens de helicóptero são curtas (30min) outras são bem
longas (2h30min), muitas das vezes as piores horas são a decolagem e o pouso.
Principalmente o pouso na plataforma e nos navios, onde venta muito, balança e
o espaço para o piloto pousar é reduzido. Não há margem para erros. Há também o
pessoal que embarca em navios de suporte (Sísmico, Supply, de lançamento de
dutos PLSV, com Robôs submarinos RSV e entre outros). Alguns
desses tem seu acesso pelo porto, e é apenas essa a diferença, pois a
periculosidade é a mesma.
Ao sair do helicóptero ou entrar no navio, alguns somente deixam
suas malas nos camarotes (como chamamos nossos quartos) e já colocam seus
macacões e vão pra área (como chamamos o local de trabalho).
São jornadas de 12 horas de trabalho ininterrupto, seja com “a mão
na massa” ou como “suporte”, todos os dias sem descanso. Nada de feriado, fim
de semana, Natal ou réveillon. NÃO PARA NUNCA!
Esqueça aniversários, páscoas, dias das mães, aniversários de
esposa e filhos, natal, tudo você ta embarcado. É como diz um amigo. ’’ Isso
não te pertence mais’’, Mas a vida offshore também tem suas compensações.
Primeiro de tudo, são os dias de folga. Não ter que acordar cedo numa 2ª feira
chuvosa, onde você sabe que o transito estará problemático, saber que não há
reunião, ninguém no escritório te esperando para aquelas reuniões sem
objetividade nenhuma, isso é maravilhoso. Você pode se dedicar a seus hobbies
(coisa MUITO importante ou simples como ir a praça pela manhã para manter a sanidade), viajar em qualquer época do
ano, ficar acordado até altas horas, ver aquele desenho animado na segunda de
manhã e lembrar-se da infância, não há preço. E além disso, o salário é bem
acima da média dos que trabalham em terra.
Muita gente não sabe como é a vida nas plataformas e o programa
GLOBO MAR mostrou com maestria um pouco dos nossos problemas a bordo. É um
lugar perigoso e muitas pessoas morrem por ano em acidentes nesses locais.
Acidentes esses que, além de serem fatais, podem desencadear
enormes prejuízos financeiros e ecológicos, vide o recente acidente no Golfo do
México e P-36. É um sentimento muito
ruim, ver nomes de colegas nessas listas, o sentimento é único e ficamos nos
perguntando? Poderia ser meu nome naquele relatório final e eu teria virado
estatística e minha família continuaria sem mim. Fazemos sacrifícios para
darmos o melhor aos nossos familiares e o perigo está sempre rondando. Temos
que manter nossa fé em CRISTO e estar sempre alerta para que tudo ocorra dentro do esperado e
que possamos voltar inteiros, como saímos, para nossas casas e descansar para
nossa próxima quinzena.
A vida offshore é perigosa e tem horas que dá vontade de pular na água
e voltar nadando, mas pesando os prós e os contras, vale à pena!
By
Portal HSEQ

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