sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

VIDA OFFSHORE






Essa é a casa de muitos por 14 dias.



Embarcar... não sabia o significado disso até pisar numa unidade marítima (Navio PLSV) pela primeira vez... é um mundo completamente novo, que não para nunca, 24 horas 7 dias da semana. Um espaço pequeno onde convivem 100, 150 pessoas, dos mais variados tipos, tamanhos, cores, crenças, línguas e profissões.
Nos 2 primeiros dias, eu quis me jogar no mar e voltar nadando, pois é um ambiente estressante, confuso para os novatos, muita coisa para aprender, intrigas, mas todos acham que você é um expert, sem contar o mal estar (vômitos, náuseas, dor na barriga entre outras coisas mais) que nesses navios são constantes, decorrente de seu balanço.
No entanto, passaram-se 14 dias e voltei para casa. Que sensação maravilhosa. O nosso humor muda, a gente fica mais leve. A expectativa de entrar em casa novamente é enorme e poder beijar sua esposa, seu filho é algo impagável. Dinheiro nenhum do mundo vale esse momento. Infelizmente, esse momento se repete 1 vez por mês, pois 14 dias depois, temos que voltar para o trabalho, pois acabou o descanso.
Para podermos embarcar, temos que fazer um curso chamado HUET (Helicóptero Underwater Escape Training - Treinamento de Escape de Helicóptero Submerso), onde nos são mostrados vídeos, o que nos deixa bastantes felizes" e com mais vontade de embarcar.
Algumas viagens de helicóptero são curtas (30min) outras são bem longas (2h30min), muitas das vezes as piores horas são a decolagem e o pouso. Principalmente o pouso na plataforma e nos navios, onde venta muito, balança e o espaço para o piloto pousar é reduzido. Não há margem para erros. Há também o pessoal que embarca em navios de suporte (Sísmico, Supply, de lançamento de dutos PLSV, com Robôs submarinos RSV e entre outros). Alguns desses tem seu acesso pelo porto, e é apenas essa a diferença, pois a periculosidade é a mesma.
Ao sair do helicóptero ou entrar no navio, alguns somente deixam suas malas nos camarotes (como chamamos nossos quartos) e já colocam seus macacões e vão pra área (como chamamos o local de trabalho).
São jornadas de 12 horas de trabalho ininterrupto, seja com “a mão na massa” ou como “suporte”, todos os dias sem descanso. Nada de feriado, fim de semana, Natal ou réveillon. NÃO PARA NUNCA!
Esqueça aniversários, páscoas, dias das mães, aniversários de esposa e filhos, natal, tudo você ta embarcado. É como diz um amigo. ’’ Isso não te pertence mais’’, Mas a vida offshore também tem suas compensações. Primeiro de tudo, são os dias de folga. Não ter que acordar cedo numa 2ª feira chuvosa, onde você sabe que o transito estará problemático, saber que não há reunião, ninguém no escritório te esperando para aquelas reuniões sem objetividade nenhuma, isso é maravilhoso. Você pode se dedicar a seus hobbies (coisa MUITO importante ou simples como ir a praça pela manhã para manter a sanidade), viajar em qualquer época do ano, ficar acordado até altas horas, ver aquele desenho animado na segunda de manhã e lembrar-se da infância, não há preço. E além disso, o salário é bem acima da média dos que trabalham em terra.

Muita gente não sabe como é a vida nas plataformas e o programa GLOBO MAR mostrou com maestria um pouco dos nossos problemas a bordo. É um lugar perigoso e muitas pessoas morrem por ano em acidentes nesses locais.
Acidentes esses que, além de serem fatais, podem desencadear enormes prejuízos financeiros e ecológicos, vide o recente acidente no Golfo do México e P-36.  É um sentimento muito ruim, ver nomes de colegas nessas listas, o sentimento é único e ficamos nos perguntando? Poderia ser meu nome naquele relatório final e eu teria virado estatística e minha família continuaria sem mim. Fazemos sacrifícios para darmos o melhor aos nossos familiares e o perigo está sempre rondando. Temos que manter nossa fé em CRISTO e estar sempre alerta para que tudo ocorra dentro do esperado e que possamos voltar inteiros, como saímos, para nossas casas e descansar para nossa próxima quinzena.

A vida offshore é perigosa e tem horas que dá vontade de pular na água e voltar nadando, mas pesando os prós e os contras, vale à pena!

                              
By


Portal HSEQ

Nenhum comentário:

Postar um comentário